36- OS PRINCIPAIS CONCÍLIOS DA IGREJA

15/06/2013 22:07

OS PRINCIPAIS CONCÍLIOS DA ERA CRISTÃ

                                                 Introdução

             Por enquanto, vamos oferecer aqui uma relação sumária, cronológica,  de todos os  Concílios, chamados de ecumênicos (extraído do MANUAL BÍBLICO  de H. H. Halley),  realizados na Igreja cristã, tanto em sua fase  primitiva como na oficial (oficial aqui entende-se por Igreja Católica). 
             Quanto à Igreja Reformada, esta não teve e nem tem participação em nenhum desses Concílios, que ainda na era contemporânea são realizados e chamados de ecumênicos, em virtude de ter a participação de facções da Igreja Católica, dividida; é somente por isso que são chamados de ecumênicos. Segundo a ótica da Igreja Católica,  o ecumenismo  significa um "chamado para a volta dos irmãos separados de Roma"; para isto é que ela convida e está sempre de braços abertos para receber os "irmãos protestantes" de volta à sua "casa paterna".  
      

CONCÍLIO DE NICÉIA, ano 325 d.C. Convocado e dirigido por Constantino, o Grande, condenou o arianismo (Para saber mais sobre sobre o Concílio de Nicéia,   clique aqui)

CONSTANTINOPLA, ano 381, convocado pelo imperador Teodósio, para deliberar sobre o apolinarianismo.

ÉFESO, ano 431, convocado para dar fim à controvérsia nestoriana.

CALCEDÕNIA, 451:  "O Concílio de Calcedônia", (extraído do livro "OS 100 ACONTECIMENTOS MAIS IMPORTANTES..., pág. 55") "Embora o Concílio de Nicéia tenha proclamado que Jesus era plenamente Deus, a igreja ainda precisava compreender sua natureza humana. De que maneira o humano e o divino se inter-relacionavam no Filho?
            A resposta viria por meio de um dos mais exaltados jogos de poder da igreja. Conforme a igreja crescia, as principais cidades do império recebiam influência teológica (e, por causa disso, seus bispos foram chamados patriarcas). Alexandria e Roma geralmente ficavam no mesmo lado das questões, opondo-se a Antioquia e Constantinopla. A combinação de política e teologia era algo especialmente poderoso. 
             A influência grega permeava os pensamentos da Escola Alexandrina. Muitas pessoas de Alexandria tinham um histórico filosófico de origem grega. Teologicamente, acreditavam que Jesus fora plenamente humano, mas eles tinham de enfatizar mais o Cristo como Palavra divina (Logos) que o Jesus humano. Quando essa questão era levada ao extremo, existia a tendência de obscurecer a humanidade  de Jesus a favor de sua divindade. Apolinário, um dos principais defensores de Alexandria, lutava bravamente contra heresias como o arianismo e o maniqueísmo. Contudo, cometeu um deslize, equivocando ao afirmar que, na encarnação, o Logos divino substituíra a alma humana, de modo que a humanidade de Cristo fora apenas corpórea. Em 381, o Segundo Concílio Ecumênico (em Constantinopla) condenou esse ensinamento. 
             A Escola de Antioquia apresentava a tendência de se concentrar na humanidade de Jesus. Embora Jesus fosse divino, eles diziam que sua humanidade fora completa e normal. 
             Ao envolver-se em uma disputa sobre a veneração de Maria, Nestório, patriarca de Constantinopla, atacou a oposição de Apolinário. Para ele, a idéia de que Maria fora a "Portadora de Deus" era muito parecida com a idéia de Apolinário. Cirílo, patriarca de Alexandria, ansioso por abalar o poder de Constantinopla, acusou o patriarca de dizer que Jesus tinha duas naturezas distintas em seu corpo. 
              Em 431, no Terceiro Concílio Ecumênico em Éfeso, o maquinador Cirilo conseguiu que Nestório fosse deposto antes que ele e seus amigos pudessem chegar ao local das reuniões. Quando os clérigos ausentes chegaram, condenaram Cirilo e seus seguidores sob a liderança de João, o patriarca de Antioquia. O imperador Teodósio, que convocara o concílio,foi pressionado e terminou por exilar Nestório.  Adicione a essa situação volátil um clérigo que levava a ênfase alexandrina às últimas conseqüências. Eutíquio, chefe de um mosteiro próximo a Constantinopla, ensinava uma idéia que passou a ser chamada monofisismo (de mono, "um", e physis, "natureza"). Esse ponto de vista sustentava que a natureza estava perdida na divindade, assim como uma gota d'água que cai no mar é absorvida por ele". 
O patriarca Flaviano de Constantinopla condenou Eutíquio por heresia, mas o patriarca Dióscoro, de Alexandria, o apoiou. A pedido de Dióscoro, Teodósio convocou outro concílio, que se reuniu em Éfeso, em 449. Esse concílio proclamou que Eutíquio não era herege, mas muitas igrejas consideraram esse concílio inválido. O papa Leão I (*) rotulou aquele encontro de "Sínodo de Ladrões", e, atualmente, ele não é considerado um concílio ecumênico válido.  
             Leão pediu a imperador que convocasse outro concílio de modo que a igreja, como um todo, fosse representada. Esse concílio aconteceu na cidade de Calcedônia, próxima de Constantinopla, no ano 451, atraindo cerca de quatrocentos bispos, freqüência superior à de qualquer concílio já realizado até aqueles dias. Dióscoro sempre foi uma figura um tanto sinistra. Agora, nesse concílio, ele foi excomungado da igreja como resultado de suas ações no "Sínodo de Ladrões". 
             Durante o Concílio de Calcedônia foi lida uma afirmação sobre a natureza de Cristo, chamada tomo [carta dogmática], de autoria de Leão I. Os bispos incorporaram seu ensinamento à declaração de fé que foi chamada de Definição de fé de Calcedônia. Nessa definição de fé, Cristo "reconhecidamente tem duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação [...] a propriedade característica de cada natureza é preservada e se reúne para formar uma pessoa". Essa concepção condenava a idéia de Apolinário e Eutíquio, além das posições atribuídas a Nestório. 
              Calcedônia foi o primeiro concílio no qual o papa exerceu papel importante. Cada vez mais o foco da batalha seria entre Roma e Constantinopla. Calcedônia foi o último concílio que tanto o Ocidente quanto o Oriente consideraram oficial, com relação à definição dos ensinamentos corretos. Esse também foi o último em que todas as regiões foram representadas e conseguiram concordar em questões fundamentais. 
               Embora Calcedônia não tenha resolvido o problema de como Jesus era tanto Deus quanto homem, esse concílio estabeleceu limites ao definir como incorretas certas interpretações. O concílio, ao referir-se à posição adotada por Apolinário e Eutíquio, disse: "Qualquer que tenha sido a maneira como isso ocorreu, sabemos que não aconteceu dessa maneira". 

CONSTANTINOPLA, 553. Para acabar com a controvérsia dos monofisistas. (Para saber mais sobre monofisistas, Clique aqui)

CONSTANTINOPLA, 680. Para discutir a doutrina das duas vontades em Cristo.

NICÉIA, 787. Sancionou o culto das imagens.

CONSTANTINOPLA, 869. Cisma final entre o Oriente e o Ocidente. 

ROMA, 1123. Decidiu que os bispos seriam nomeados pelos papas. 

ROMA, 1139. Esforço por remediar o cisma entre o Oriente e o Ocidente.

ROMA, 1179. Para fazer vigorar a disciplina eclesiástica.

ROMA, 1215. Para cumprir as ordens de Inocêncio III.

LIÃO, 1245. Para resolver a contenda sobre o papa e o imperador.

LIÃO, 1274. Novo esforço para unir o Oriente e o Ocidente.

VIENA, 1311. Suprimiu os templários.

CONSTANÇA, 1414-18. Para remediar o cisma papal. Condenou John Huss.

BASILÉIA, 1431-49. Para reformar a Igreja.

ROMA, 1512-18. Outro esforço pró-reforma.

TRENTO, 1545-63. Para neutralizar a Reforma Protestante (Veja as informações sobre o Concílio de Trento na página da Contra-Reforma: clique aqui.

VATICANO I, 1869-70. Declarou a infalibilidade papal.

VATICANO II, 10/1962-12/1965. Para promover reformas na Igreja. Segundo a opinião do clérigo católico, Pe. Fernando Bastos Alves, (citado na "Biblioteca de Auxílio ao Sistema Educaional (BASE), Editora Iracema Ltda, pág. 978): "Entre todos os concílios foi talvez o Vaticano II o que teve maior importância histórica, tanto pelo número de seus participantes como pela gravidade de suas decisões. Reunido por João XXIII, em 1962, contou com 2.400 participantes, entre bispos e cardeais, além dos assessores, observadores, leigos e inclusive os representantes de outras igrejas cristãs. Foi continuado por Paulo VI, que o encerrou no dia 8 de dezembro de l965. Seu tema central foi o problema das relações da Igreja Católica com o mundo moderno não- católico e, em primeiro lugar, com as demais igrejas cristãs. Deu um novo impulso ao movimento ecumênico e determinou um conjunto de reformas internas na Igreja para dar-lhe melhores condições de diálogo com o mundo moderno".  

O CONCÍLIO DE NICÉIA I, em 325 e.c.

O primeiro Concílio de Nicéia teve lugar durante o reinado do imperador romano Constantino I (o imperador romano que deu corpo e alma ao cristianismo) em 325. Foi a primeira conferência de bispos ecuménica (do Grego oikumene, "mundial") e o berço da igreja católica. Lidou com questões levantadas pela opinião Ariana da natureza de Jesus Cristo - Se Deus, homem ou alguma mistura. Acabou por decidir contra a opinião dos arianos, em favor da trindade.

Nicéia (hoje Iznik), é uma cidade da Anatólia (hoje parte da Turquia)

Foram oferecidas aos bispos as comodidades do sistema de transporte imperial - livre transporte e alojamento de e para o local da conferência - para encorajar a maior audiência possível. Constantino abriu formalmente a sessão.

Este concílio teve uma importância especial também porque as perseguições aos cristãos tinham recentemente terminado.

O primeiro concílio de Niceia ressalta como o ponto inicial para as grandes controvérsias doutrinais da igreja no quarto e quinto séculos. Aqui foi efectuada uma união entre o portentado eclesiástico dos conselhos e o estado, que concedeu às deliberações deste corpo o poder imperial. Sínodos anteriores tinham-se dado por satisfeitos com a proteção de doutrinas heréticas; mas o concílio de Niceia é caracterizado pela etapa adicional de uma posição mais ofensiva, respeitante a artigos minuciosamente elaborados sobre a fé.

Na controvérsia ariana colocava-se um obstáculo grande à realização da ideia de Constantino de um império universal que deveria ser alcançado com a ajuda da uniformidade da adoração divina. Conformemente, para o verão de 325 os bispos de todas as províncias foram chamados ao primeiro concílio ecumênico em Niceia, na Bitínia, Frígia, no Helesponto: um lugar facilmente acessível à maioria dos bispos, especialmente aos da Ásia, Síria, Palestina, Egipto, Grécia, Trácia e Egrisi (Geórgia ocidental). O número dos membros não pode exatamente ser indicado; Atanásio contou 318, Eusébio somente 250.

Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria; na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre de Alexandria, Eustáquio de Antioquia, e Macário de Jerusalém, bem como Eusébio de Nicomédia e Eusébio de Cesareia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi).

O ocidente enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias: Marcus de Calabria de Itália, Cecilian de Cartago de África, Hosius de Córdova (Espanha), Nicasius de Dijon da França, e Domnus de Stridon da província do Danúbio. Estes dignitários eclesiásticos naturalmente não viajaram sozinhos, mas cada qual com sua comitiva, de modo que Eusébio refere um grupo quase inumerável de padres acompanhantes, diáconos e acólitos.

Entre os presentes encontrava-se Atanásio, um diácono novo e companheiro do bispo Alexandre de Alexandria, que se distinguiu como o "lutador mais vigoroso contra os arianos" e similarmente o patriarca Alexandre de Constantinopla, um presbítero, como o representante de seu bispo, mais velho.

Na época, Silvestre I, recusou o convite do imperador e não compareceu pessoalmente nas sessões do concílio, provavelmente esperando que sua ausência representasse um protesto contra a convocação do sínodo pelo imperador.

Os pontos a ser discutidos no sínodo eram:

   * A questão Ariana e a Trindade
   * A celebração da Páscoa
   * O cisma de Milécio
   * O baptismo de heréticos
   * O estatuto dos prisioneiros na perseguição de Licínio.

É um facto reconhecido que o anti-judaísmo, ou o anti-semitismo cristão, ganhou um novo impulso com a tomada do controle do império romano, sendo o concílio de Niceia um marco neste sentido. Os posteriores Concílios da Igreja manteriam esta linha. O Concílio de Antioquia (341 D.C.) proibiu aos Cristãos a celebração da Páscoa com os Judeus. O Concílio de Laodicéia proibiu os Cristãos de observar o Shabbat e de receber prendas de judeus ou mesmo de comer pão ázimo nos festejos judaicos.

Uma boa fonte para o estudo deste periodo histórico é-nos apresentada hoje sob a forma da obra de Edward Gibbon, um historiador representativo do iluminismo inglês do século XVIII, ainda hoje lida e traduzida para várias línguas (Uma nova tradução para o alemão foi editada em 2003): [A história do declínio e queda do império romano].
O carácter, a sociedade, e os problemas

A cristandade do séc II não concordava sobre a data de celebração da Páscoa da ressurreição. As igrejas da Ásia Menor, entre elas a importante igreja de Éfeso, celebravam-na, juntamente com os judeus, no 14º dia da primeira lua da primavera (o 14º Nisan, segundo o calendário judaico), sem levar em consideração o dia da semana. Já as igrejas de Roma e de Alexandria, juntamente com muitas outras igrejas tanto ocidentais quanto orientais, celebravam-na no domingo subseqüente ao 14º Nisan. Com vistas à fixação de uma data comum, em 154/155, o bispo Policarpo de Esmirna, entrou em contato com o papa Aniceto, mas nenhuma unificação foi conseguida e o assunto permaneceu em aberto.

Foi no concílio de Nicéia que se decidiu então resolver a questão estabelecendo que a Páscoa dos cristãos seria sempre celebrada no domingo seguinte ao plenilúcio da primavera. Apesar de todo esse esforço, as diferenças de calendário entre Ocidente e Oriente fizeram com que esta vontade de festejar a Páscoa em toda a parte no mesmo dia continuasse sendo um objetivo, e isso até os dias de hoje.

Além desse problema menor, outra questão mais séria incomodava a cristandade: como conciliar a divindade de Jesus Cristo com o dogma de fé num único Deus?

Na época a inteligência dos cristãos ainda estava à procura de uma fórmula satisfatória para a questão, embora já houvesse a consciência da imutabilidade de Deus e da existência divina do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nesse quadro, um presbítero de nome Ário passa a defender em Alexandria a idéia de que Jesus é uma "criatura do Pai", não sendo, portanto, eterno. Em suas pregações, Ário por várias vezes insistia em afirmar em tom provocativo que "houve um tempo em que o Filho não existia". Dizia que Cristo teria sido apenas um instrumento de Deus mas sem natureza divina. A esse ensinamento de Ário aderiram outros bispos e presbíteros. Sobretudo, o bispo Eusébio de Cesaréia, conhecido escritor da igreja, que se colou do lado de Ário.

Por outro lado, a doutrina de Ário, ou arianismo, foi prontamente repudiada pelo restante dos cristãos, que viam nela uma negação do dogma da Encarnação. O repúdio mais radical talvez Ário tenha encontrado no bispo Alexandre de Alexandria e no diácono Atanásio, que defendiam enfaticamente a divindade de Cristo. Um sínodo foi convocado e Ário foi excluído da igreja em 318. Mas o número de seus adeptos já era tão grande que a doutrina não pode ser mais silenciada. A situação se agravava cada vez mais e, desejoso de resolver de vez a questão, o imperador Constantino convoca um concílio ecumênico.
Os procedimentos

O concílio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palácio imperial, ocupando-se com discussões preparatórias na questão ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em especial Eusébio de Nicomédia, Teógnis de Nice, e Maris de Chalcedon, parecem ter sido os principais líderes; as sessões regulares, no entanto, começaram somente com a chegada do imperador. Após ter prescrito o curso das negociações ele confiou o controlo dos procedimentos a uma comissão designada por ele mesmo, consistindo provavelmente nos participantes mais proeminentes desse corpo. É indubitavelmente devido às orientações de Constantino nesta etapa que o concílio, após estar na sessão por um mês inteiro, promulgou a 19 de Junho o credo de Niceia.

O credo foi adotado neste conselho, mas o voto não foi unânime, e a influência do imperador era claramente evidente quando diversos bispos de Egipto foram expulsos devido à sua oposição ao credo.

No início os arianos e os ortodoxos mostraram-se incondescendentes entre si. Os arianos confiaram a respresentação de seus interesses a Eusébio de Cesareia, cujo nível e a eloquência fez uma boa impressão perante o imperador. A sua leitura da confissão dos arianos provocou uma tempestade de raiva entre os oponentes; duas minorias interessadas vividamente em opiniões contrárias opuseram-se, mas entre elas bocejaram-se indiferentes.

No seu interesse, assim como para sua própria causa, Eusébio, depois de ter cessado de representar os arianos, apareceu como um mediador; ao afirmar que o objectivo principal a ser perseguido deveria ser o estabelecimento da paz da igreja, concordou ao mesmo tempo com seu protector exaltado.

Apresentou uma fórmula nova, o símbolo baptismal, da sua própria congregação, em Cesareia, pela qual se conseguiu a reconciliação das diferentes opiniões. O imperador, que perseguiu as intenções puramente políticas de uma pacificação bem sucedida, não poderia desejar uma proposição mais bem-vinda e confirmando-a imediatamente, adoptou-a como sua.

Desta maneira, não acedeu completamente à maioria, mas conciliou-se mais provavelmente com os seus desejos; pois, se os ortodoxos pudessem realmente fazer contar com uma maioria preponderante, mesmo a pedilecção do imperador não os teria impedido de conceber a sua confissão na forma proposta pelo bispo Alexandre na sua primeira carta circular.

Mas longe de ousar tal plano, a maioria (sem resistência) protestou, afirmando que os seus direitos deveriam ser considerados por cláusulas correctivas. Apesar deste tipo de procedimentos ser mais característico de minorias do que de maiorias, neste caso a maioria procedeu assim e não deixou de obter a vitória.

Vale Ressaltar que a votação final quanto ao reconhecimento da divindade de Cristo foi um total de 300 votos a favor contra 2 desfavoráveis.

- O CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA I, em 381 e.c.

No Primeiro Concílio de Constantinopla, que se realizou em 381, foi debatida a natureza de Cristo e o arianismo.

Desde o início da Igreja Cristã grandes controvérsias surgiram em torno da pessoa de Jesus Cristo. No oriente dois grandes centros teológicos se opuseram nesta questão: Alexandria e Antioquia. Em Alexandria, a Bíblia era vista sob os holofotes da filosofia, e posta acima dela como um conjunto de alegorias das quais era possível retirar verdades eternas e imutáveis, quanto a Jesus, o destaque era dado à sua função de portador destas verdades e não à sua pessoa "por isso os teólogos Alexandrinos davam ênfase especial à divindade de Jesus Cristo".

Já em Antioquia a situação era oposta. Por causa de sua proximidade com a Palestina e a inevitável relação com o Jesus histórico, os antiocanos sempre tenderam a avaliar as Escrituras em seu contexto mais literal. "Desta perspectiva, ao falar da pessoa de Jesus Cristo, o importante não era sua função como mestre de verdades eternas, ou como revelação do Pai inefável, mas sua realidade histórica, sua humanidade, que era como a nossa."

A controvérsia, no entanto, não estava em aceitar ou não a divindade ou a humanidade de Jesus, porque desde o começo a Igreja teve de enfrentar heresias a este respeito, como os docetistas que negavam que Jesus tivesse vindo em carne, ou como os seguidores de Luciano de Samósata que afirma ser Jesus unicamente homem, por isso a essa altura a igreja já tinha seus limites bem determinados e qualquer que negasse uma das naturezas de Cristo seria declarado herege sem debate algum. A polémica não girou em torno do ser Cristo humano e divino, mas sim em como isto se deu.

Ainda durante a discussão ariana, levantou-se o bispo Apolinário de Laodicéia, que para refutar o argumento ariano de que não seria possível a união do verdadeiro Deus com a humanidade em Jesus Cristo, expôs sua doutrina, segundo a qual a alma racional de Jesus era o próprio Verbo Divino. Nesta época acreditava-se que todo o ser humano era formado por um corpo, uma alma animal (que era a essência de vida), e uma alma racional, e esta seria a base da personalidade e intelecto do indivíduo. Para Apolinário, Jesus possui um corpo e uma alma animal puramente humana, mas sua mente e personalidade eram apenas divinas. Embora esta ideia não parecesse má à primeira vista, e até se encaixasse dentro da proposta dos teólogos de Alexandria, logo os antiocanos perceberam que ela punha por terra toda a essência da encarnação de Cristo, pois afinal um ser que ao invés da alma racional, possuísse o próprio verbo divino, não poderia ser plenamente humano, já que é lá que se encontram os desejos e sentimentos humanos. A controvérsia durou mais alguns anos até 381, quanto o argumento antiocano se sobressaíu e a forma extrema da cristologia Alexandrina foi condenada.

- O CONCÍLIO DE ÉFESO,  em 431 e.c.

O Concílio de Éfeso foi uma reunião de líderes cristãos que se desenrolou, em cinco sessões, entre 22 de Junho e 31 de Julho de 431 na cidade de Éfeso. Foi convocado pelo Papa Celestino I e teve como resultados a condenação da heresia cristológica e mariológica de Nestório e a proclamação da maternidade divina de Maria.

- O CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA,  em  451 e. c.

O Concílio de Calcedónia (ou Calcedônia) foi um concílio ecuménico realizado entre 8 de Outubro e 1 de Novembro de 451 em Calcedónia, uma cidade da Bitínia, na Ásia Menor. Foi o quarto dos primeiros sete Concílios da história do cristianismo, onde foi repudiada a doutrina de Eutiques do monofisismo e declarando a dualidade humana e divina de Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Foi a seguir a este concílio que aconteceu o cisma entre o Catolicismo e a Ortodoxia Oriental e deu origem à Igreja Copta.

A Trindade é uma das doutrinas cristãs, acolhida pela imensa maioria das suas igrejas a partir da concepção de Santo Agostinho que no ano de 426 difundiu esta tese - acolhida pela Igreja Católica e absorvida após a reforma pelos protestantes - defendendo que Deus existe em três diferentes pessoas, normalmente referidas como Deus, o Pai; Deus, o Filho (ou filho de Deus) e o Espírito Santo.

A doutrina trinitariana defende que há inúmeros trechos da Bíblia em que as chamadas "Pessoas da Trindade" são referidas distintamente em suas ações. O trecho mais representativo é aquele em que Jesus é batizado por João Batista, e as três "Pessoas da Trindade" se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus como uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo: "Este é meu Filho Amado, em quem Me comprazo." (Evangelho de Mateus 17) Já em outros trechos há unidade Divina é afirmada, quando, por exemplo, Jesus diz: "Eu e o Pai somos um".

Historicamente, um dos primeiros a utilizar esta definição foi Tertuliano, na sua obra Adversus Praxeas, onde ele utilizou o termo "trinitas". Esta perspectiva foi postulada como um artigo de fé pelo credo de Niceia (proclamado em 325 no Concílio de Niceia) e o credo de Atanásio (cerca de 500 d.C.). Apesar de o termo não aparecer no Novo Testamento, aqueles que professam esta doutrina afirmam que o conceito é claramente visto em muitos trechos dele, e explicitamente no relatos sobre o baptismo de Jesus ("E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu; E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo" Evangelho de Lucas 3:21-22, "Portanto ide, fazei discípulos de todas as naçöes, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" Mateus 28:19)

Estes credos foram formulados e ratificados pela Igreja dos séculos III e IV, em reação a noções algumas delas envolvendo a natureza da Trindade e a posição de Cristo nela, como as do arianismo, que foram depois declaradas como heréticas. Os credos foram mantidos em alguma forma pela maioria das igrejas protestantes, sendo até mesmo citados na liturgia de igrejas luteranas e Igrejas Reformadas

O credo de Niceia, que é uma formulação clássica desta doutrina, usou "homoousia" (em Grego: da mesma substância) para definir a relação entre os três. A ortografia desta palavra difere em uma única letra grega, "iota", da palavra usada por não-trinitários do mesmo tempo, "homoiousia", (Grego: de substância semelhante): um facto que se tornou proverbial, representando as profundas divisões ocasionadas por aparentemente pequenas imprecisões, especialmente em Teologia.

- O CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA II,  em 543 e. c.

As obras de três teólogos nestorianos ou seminestorianos, Teodoro de Mopsuéstia (ver Parte I, Seção V, II), Teodoreto de Ciro e Ibas de Edessa, tinham sido resumidas como os "três capítulos" e aprovadas em Calcedônia. Mas os monofisitas pressionaram o Imperador justiniano através de sua mulher Teodora, conseguindo que ele condenasse os "três capítulos" por um edito em 543. O Papa Virgílio foi persuadido, ou intimidado, a confirmar essa condenação, mas a opinião surgida no Ocidente o levou a solicitar a convocação de um concílio ecumênico, que se reuniu em Constantinopla e condenou os "capítulos". Assim, "o Oriente foi reconciliado às custas do Ocidente" (O que prova que ouve uma intensa participação do papa nesse Concílio)(M. Deanesley, History of the Medieval Church, p. 11).]

1. Se alguém não reconhece a única natureza ou substância (oysia) do Pai, Filho e Espírito Santo, sua única virtude e poder, uma Trindade consubstancial, uma só divindade adorada em três pessoas (hypostáseis) ou caracteres (prósôpa), seja anátema. Porque existe um só Deus e Pai, do qual procedem todas as coisas, e um só Senhor Jesus Cristo, através do qual são todas as coisas, e um só Espírito Santo, no qual estão todas as coisas.

2. Se alguém não confessa que há duas concepções do Verbo de Deus, uma antes dos tempos, do Pai, intemporal e incorporal, e a outra nos últimos dias, concepção da mesma pessoa, que desceu do céu e foi feito carne por obra do Espírito Santo e da gloriosa Genitora de Deus e sempre virgem Maria, e que dela nasceu, seja anátema.

3. Se alguém disser que existiu um Deus-Verbo, que fez os milagres, e um Outro Cristo, que sofreu, ou que Deus, o Verbo, estava com Cristo quando nasceu de uma mulher, ou que estava nele como uma pessoa em outra, e que ele não era um só e o mesmo Senhor Jesus Cristo, encarnado e feito homem, e que os milagres e os sofrimentos que ele suportou voluntariamente na carne não pertenciam à mesma pessoa, seja anátema.

4. Se alguém disser que a união de Deus, o Verbo, com o homem foi feita quanto à graça, ou à ação, ou à igualdade de honra ou autoridade, ou que era relativa ou temporária ou dinâmica1 ou que era conforme o beneplácito (do Verbo), sendo que o Deus Verbo se comprazia com o homem...

5. Se alguém conceber a única personalidade (hypóstasis) de nosso Senhor Jesus Cristo de tal modo que permita ver nela diversas personalidades, tentando introduzir por este meio duas personalidades ou dois caracteres no mistério de Cristo, dizendo que dessas duas personalidades introduzidas por ele provém uma única personalidade quanto à dignidade, à honra e à adoração, como Teodoro e Nestório escreveram em sua loucura, caluniando o santo Concílio de Calcedônia ao alegar que a expressão "uma personalidade" foi por ele usada com essa ímpia intenção; e se não confessar que o Verbo de Deus foi unido à carne quanto à personalidade (kath' hypóstasin)...

6. Se alguém aplicar à gloriosa e sempre virgem Maria o título de "genitora de Deus" (theotókos) num sentido irreal e não verdadeiro, como se um simples homem tivesse nascido dela e não o Deus Verbo feito carne e dela nascido, enquanto o nascimento só deve ser "relacionado" com Deus o Verbo, como dizem, porquanto ele estava com o homem que foi nascido...

10. Se alguém não confessar que aquele que foi crucificado na carne, Nosso Senhor Jesus Cristo, é o verdadeiro Deus e Senhor da glória, parte da santa Trindade, seja anátema.

- O CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA III, em 681 e. c.

Heresia surgida na Igreja do Oriente quando a teologia cristológica ainda estava mal definida. Opondo-se ao *Nestorianismo (que afirmava haver em J. C. duas pessoas, a divina e a humana, o que foi condenado pelo Conc. de Éfeso, 431), Eutiques, arquimandrita dum mosteiro de Constantinopla, defendeu que, havendo uma só pessoa em J. C., também devia haver uma só natureza, admitindo que a humana fora absorvida pela divina. A discussão foi turbulenta e a questão só foi definitivamente resolvida no Conc. de Calcedónia (451), que definiu haver em J. C. duas naturezas, a divina e a humana, subsistindo na única pessoa divina do Verbo incarnado. Esta definição não convenceu diversas comunidades, que continuaram a aderir ao M., algumas até hoje. Tempos depois, o patriarca Sérgio de Constantinopla, na boa intenção de congraçar os monofisitas, proclamou que em J. C., embora havendo duas naturezas, só havia uma vontade, pela identificação perfeita da vontade humana com a vontade divina, o que ficou conhecido na história das heresias por Monotelismo. Mais que heresia, tratava-se de afirmação equívoca, porquanto da identificação do querer de Jesus com o querer divino é compatível com a existência nele de duas vontades ontologicamente distintas. A questão ficou esclarecida no III Conc. de Constantinopla (681).

-  O CONCÍLIO DE NICÉIA II, em 787 e. c.

Veneração de imagens é tópico de seculares discussões nos meios religiosos cristãos.

O Segundo Concílio de Niceia, realizado em 787, declarou a legitimidade do que é chamado pelos atuais protestantes e evangélicos como veneração de imagens definindo que, segundo o ensino dos Padres da Igreja e segundo a tradição universal da Igreja cristã, se podiam propor à veneração dos fiéis, conjuntamente com a Cruz, as imagens da Mãe de Deus, dos Anjos e dos Santos, tanto nas igrejas como nas casas ou ao longo dos caminhos.

Em 1987, por ocasião do XII Centenário do II Concílio de Nicéia, o Papa João Paulo II por meio da Carta Apostólica Duodecim Saeculum, reapresentou a doutrina sobre a veneração das imagens.

A prática da veneração de imagens para a teologia católica e ortodoxa não é confundida com idolatria. Mesmo porque, para tais grupos religiosos, as imagens seriam meras representações das entidades a quem as orações são direcionadas.

OS CONCÍLIOS ECUMÉNICOS

Um concílio (também conhecido como sínodo) é uma assembléia de uma Igreja, geralmente uma Igreja cristã, convocada para decidir um ponto de doutrina ou administração. Um concílio ecumênico (ou ecuménico) é assim chamado porque é um concílio de toda a Igreja (ou, mais exatamente, do que aqueles que o convocam consideram ser toda a Igreja).

A Igreja Ortodoxa apenas reconhece como ecuménicos os oito primeiros concílios, todos eles realizados no Oriente; os concílios subsequentes a Latrão I são apenas considerados ecuménicos pela Igreja Católica.

 

Fonte:

https://leigomaniafm11.com

https://www.lideranca.org